Hipertensão

Hipertensão

Estima-se que cerca de 20% da população brasileira adulta possa ser considerada hipertensa. Embora predomine na fase adulta, sua prevalência em crianças e adolescentes não é desprezível. Em até 95% dos casos, a hipertensão arterial não tem causa conhecida, sendo denominada primária. É hoje reconhecida como um dos mais importantes fatores de risco cardiovascular. E o acometimento dos chamados órgãos-alvo, tais como o coração, o cérebro, os rins e os vasos sangüíneos é o grande responsável pela alta morbidade e mortalidade relacionada à hipertensão arterial.

A hipertensão arterial é uma entidade clínica multifatorial, é conceituada como síndrome caracterizada pela presença de níveis tencionais elevados associados a alterações metabólicas e hormonais e a fenômenos tróficos (hipertrofias cardíacas e vasculares).

A grande maioria dos pacientes não apresenta sintomas e os órgãos mais freqüentemente atingidos são:

O coração - acelerando o desenvolvimento de doença arterial coronariana como também causa hipertrofia miocárdica, acarretando isquemia miocárdica podendo levar a arritmias e a morte súbita.

Rins - A perda progressiva da função dos rins ocorre durante o curso da hipertensão arterial, e uma minoria dos pacientes hipertensos desenvolve insuficiência renal.

Cérebro - A ocorrência de acidentes vasculares encefálicos tanto isquêmicos como hemorrágicos é cerca de 4x mais freqüente em indivíduos hipertensos.

Olhos - ocorre à diminuição da visão.

O diagnóstico da hipertensão arterial é basicamente estabelecido pelo encontro de níveis tencionais permanentemente elevados acima dos limites de normalidade, quando a pressão arterial é determinada por meio de métodos e condições apropriados. É necessário enfatizar a necessidade de extrema cautela antes de rotular alguém como hipertenso, correndo o risco de se achar um falso-positivo. Aceita-se como normal para indivíduos adultos (+ de 18 anos) cifras inferiores a 85mmHg de pressão diastólica e inferiores a 130 mmHg de pressão sistólica.
Veja tabela a seguir:

PAD PAS CLASSIFICAÇÃO
< 85 < 130 Normal
85-89 130-139 Normal Limítrofe
90-99 140-159 Hipertensão leve
100-109 160-179 Hipertensão moderada
=110 =180 Hipertensão grave
< 90 =140 Hipertensão sistólica isolada



Segundo os resultados encontrados, sugere-se que se re-avalie os níveis de pressão arterial conforme abaixo.

Diastólica Diastólica Segmento
< 85 < 130 Reavaliar em 1 ano
85-89 130-139 Reavaliar em 6 meses
90-99 140-159 Reavaliar em 2 meses
100-109 160-179 Reavaliar em 1 mês
=110 =180 Intervenção imediata ou reavaliar em 1 semana


Como tratar a hipertensão arterial primária?

Deve ser enfatizado a necessidade de implementação de medidas visando modificações no estilo de vida e o combate aos fatores de risco cardiovasculares a todos os hipertensos e mesmo aos normotensos.

Modificações no estilo de vida - As modificações que comprovadamente reduzem a pressão arterial são:

A prática de exercícios físicos com regularidade: o exercício físico regular contribui de modo inegável à redução da pressão arterial. Contribui, ainda, para a redução do risco de indivíduos normotensos desenvolverem hipertensão. A prática por no mínimo 30 minutos 3 a 5 vezes por semana de atividades predominantemente aeróbicas é indicada. Sabe-se que os indivíduos sedentários têm probabilidades de apresentarem hipertensão arterial elevadas em 20 a 50%.

Redução da ingestão de sal: reduzir para menos de 2,3 gramas de sódio ou 6 gramas de cloreto de sódio ao dia (mantendo uma ingestão adequada de cálcio, magnésio e potássio).

Fumantes devem parar de fumar: o tabagismo deve ser reduzido e o abandono definitivo é essencial.

Redução do peso corporal: deve-se reduzir o consumo calórico total e adotar um hábito alimentar mais saudável.

Redução no consumo de bebidas alcoólicas: a ingestão deve ser reduzida a no máximo 30 ml de etanol ao dia, o correspondente a 720 ml de cerveja, ou 300 ml de vinho, ou 60 ml de bebidas destiladas. Por diferenças de capacidade enzimática, as mulheres toleram menores quantidades de álcool, sendo recomendável à metade destes valores ao dia.

A não utilização de drogas que elevam a pressão arterial.


Os indivíduos do estagio 1 devem ter modificações no seu estilo de vida e terapia medicamentosa conforme o caso, e os indivíduos do estágio 2 e 3 necessitam terapia medicamentosa obrigatória junto com as modificações no seu estilo de vida.

O tratamento medicamentoso contra a hipertensão arterial deve sempre ser indicado pelo seu médico.

Diagnóstico realizado o mais precocemente possível e tratamento adequado e contínuo são armas importantes para o tratamento da hipertensão arterial. Entretanto, é importante enfatizar que a prevenção do aumento da pressão arterial constitui o meio mais eficiente de combater a hipertensão arterial e as doenças a ela relacionada.